terça-feira, 7 de julho de 2009

Leituras

Já o disse, provavelmente mais do que uma vez, e provavelmente voltarei a dizer, que me sinto bem na literatura africana lusófona, particularmente na angolana. A nossa Língua é inventada e reinventada e fica mais expressiva, mais colorida, mais brincalhona, mais quente e, até, mais suave. Conheço três escritores angolanos: Petetela, Agualusa e Ondjaki e em todos encontro esta saborosa escrita, mesmo quando falam de tristeza, de drama, de sofrimento. É como se as palavras dançassem e eu dançasse com elas.

O último livro de Pepetela, “O Panalto e a Estepe”, é um belíssimo romance de amor, eterno como só o amor pode ser, cruzado com a história recente do povo angolano, uma história de luta e desilusão e de sonhos por cumprir. Começa em Huíla nos anos 60, e chega aos dias de hoje, depois de passar pela União Soviética, Mongólia, Argélia e Cuba.

O “Barroco Tropical” do Agualusa é um romance sombrio mas, e eis que me repito, apesar disso, mesmo nos momentos negros há um movimento festivo, um pulsar vital. Durante a tragédia há festa. Os personagens são exuberantes e fantásticos. É um livro que faz reflectir. É, como li algures, um livro de Esperança escrito ao avesso.

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