sábado, 8 de dezembro de 2007

Papá

O meu pai era um homem bonito. Muito bonito. Alto, magro, elegante, distinto. Olhar carinhoso, por vezes triste, profundo. Tinha umas mãos lindas, eu adorava as suas mãos. Esguias, elegantes, suaves.

O meu pai era um homem bom. Tímido na sua bondade, por vezes inibia-se na demonstração dos seus afectos e emoções, mas tinha um coração grande, um coração imenso.

O meu pai era um homem honesto. E, muitas vezes, por isso, sofreu em silêncio com a desonestidade daqueles que o decepcionaram profundamente.

O meu pai era um homem justo. E nem sempre o seu sentido de justiça foi compreendido e aceite por quem se regia por valores menos nobres.

O meu pai era um homem cumpridor. Com uma consciência profunda dos seus deveres e obrigações.

O meu pai era um homem com sentido de humor. Com o seu sentido de humor.

O meu pai era um homem tímido.

O meu pai era um homem calado. Guardava para si aquilo que o fazia sofrer e o que o entristecia.

O meu pai era o meu pai. O meu querido pai.

Há quase um mês que o meu pai partiu. Sem aviso, serenamente.Deixou-nos a saudade imensa, esta ausência dolorosa. Ficou a memória doce, a ternura, o amor, o carinho, o sorriso, a cumplicidade, os valores, o orgulho de sermos quem somos.

O meu pai partiu mas estará sempre comigo.

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