segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Saudades
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades…
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei…
Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser…
Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro…
Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser…
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!
Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!
Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!
Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.
Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências…
Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,
Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que…
não sei onde…
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi…
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês…
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados…
para contar dinheiro… fazer amor…
declarar sentimentos fortes…
seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples“I miss you”
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima correctamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades…
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência…
Clarice Lispector
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
terça-feira, 20 de novembro de 2007
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
AUSÊNCIA
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
O meu Pai
Diplomata da palavra
Porte de aristocrata:
Alto como uma torre,
O Zé Dias confundia
Com quem com ele convivia
Nos terrenos da Egitânia.
Oficial garboso,
Sempre fardado a rigor.
Incapaz de uma ofensa
Era o modelo da elegância
Da brincadeira e da prudência.
Admirava-o como a um deus.
Passaram mais de quarenta anos
Sem o voltar a encontrar.
E no encontro que tivemos
Não nos reconhecemos:
O meu deus encolhera no tempo,
Eu envelhecera na idade.
Da juventude ficou a semente:
O Zé Dias ficou como referência,
Como modelo de sã camaradagem.
E na minha viagem pelo tempo
Serviu-me de luz e de contenção.
O Zé Dias foi na Guarda
O grande amigo,
Um exemplo, a melhor lição.
Cunha Simões in
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Saudades do Futuro
Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo em minha frente
Nada que me dê prazer
Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer
Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde prá plantar e prá colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela para ver o sol nascer
Às vezes saio a caminhar pela cidade
Procura de amizades
Vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão
Estados d'alma
Lembra de mim!
Dos beijos que escrevi
Nos muros a giz
Os mais bonitos
Continuam por lá
Documentando
Que alguém foi feliz...
Lembra de mim!
Nós dois nas ruas
Provocando os casais
Amando mais
Do que o amor é capaz
Perto daqui
Há tempos atrás...
Lembra de mim!
A gente sempre
Se casava ao luar
Depois jogava
Os nossos corpos no mar
Tão naufragados
E exaustos de amar...
Lembra de mim!
Se existe um pouco
De prazer em sofrer
Querer te ver
Talvez eu fosse capaz
Perto daqui
Ou tarde demais...
Lembra de mim!...
Lembra de mim!
A gente sempre
Se casava ao luar
Depois jogava
Os nossos corpos no mar
Tão naufragados
E exaustos de amar...
Lembra de mim!
Se existe um pouco
De prazer em sofrer
Querer te ver
Talvez eu fosse capaz
Perto daqui
Ou tarde demais...
Lembra de mim!...
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Cafeína melhora evolução nos prematuros
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Personagens que escapam à minha compreensão
As grandes novidades no debate do Orçamento de Estado foram na Saúde
As jovens vão receber vacinas gratuitas contra o cancro do colo do útero. Os casais inférteis, consultas e tratamentos para terem filhos. As crianças, grávidas e idosos, cheques-dentários para prevenir a cárie. Depois do discurso de contenção nas contas, o Ministério da Saúde aposta agora no discurso do alargamento dos cuidados. No caso da vacina, sem esperar pelos pareceres técnicos. E nas outras medidas, recorrendo aos serviços disponíveis no privado (!!!). Ao todo, estas três decisões ontem anunciadas no Parlamento pelo primeiro-ministro José Sócrates vão custar ao Estado 42 milhões de euros em 2008 e 57 milhões em 2009."Visam colmatar três problemas importantes do Serviço Nacional de Saúde e só foram possíveis agora porque temos a contas em dia (????) e recebemos uma dotação orçamental de mais 225 milhões para o Serviço Nacional de Saúde", afirmou ontem o ministro Correia de Campos.
As mulheres de meu pai
As personagens, fascinantes, são pessoas divididas entre a busca de raízes e/ou da memória histórica e o desejo de esquecer, de romper barreiras e fronteiras e (re)inventar a própria identidade. As mais interessantes são as que se redesenham diversas vezes, mudando de nacionalidade, profissão, ideais políticos. Tudo o que parece sólido desmancha-se no ar e a vida parece "gozar" sempre com os que acham que a podem domesticar com verdades irrefutáveis.
A escrita é fantástica, poética, bem-humorada, colorida, surpreendente, fascinante. “De quantas verdades se faz uma mentira?”- é a interrogação inicial.
“- Leve os sonhos a sério – sussurrou. – Nada é tão verdadeiro que não mereça ser inventado.”
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Novamente Os Tibetanos
A verdadeira vida só pode encontrar-se no momento presente mas o nosso espírito raramente reside nele. Em vez disso, lembramo-nos do passado e ansiamos pelo futuro. Temos uma ideia sobre nós próprios mas raramente estamos em contacto connosco. O nosso espírito está demasiado ocupado pelas recordações do passado e os planos para o futuro. A única maneira de entrar em contacto com a vida é voltando ao momento presente. Quando souberes residir no momento presente serás um iluminado e terás encontrado a tua verdadeira casa.