quinta-feira, 1 de maio de 2008

Teatro Aberto


Não é uma peça fácil. É densa e longa.
A acção vai de 1968 a 1990 e decorre em Cambridge e Praga, ao som de músicas dos Rolling Stones, Velvet Underground, Beatles, Bob Dylan, Doors e Pink Floyd.
«A peça conta através do rock o fim ou a queda do comunismo. O rock para os jovens dos países socialistas significava liberdade», declarou à Lusa João Lourenço o encenador de «Rock'n'roll».
Um grupo de rock que surgiu em Praga em 1968, «The Plastic People of the Universe», acabará por tornar-se um símbolo da resistência ao comunismo. O grupo foi criado pouco depois da entrada dos tanques soviéticos, em Agosto de 1968, para esmagar o movimento de abertura política que ficaria conhecido como Primavera de Praga. Os músicos da banda não tinham actividade política, mas seriam alvo da repressão política que se viveu nos anos a seguir a esse esmagamento, o que estimulou os intelectuais do país a agir.
A Carta 77, um manifesto assinado por diversos intelectuais em protesto contra a repressão e exigindo maior respeito pelos direitos humanos, seria o grande abanão ao regime. O dramaturgo Vaclav Havel, futuro presidente do país, foi um dos signatários.
Estes acontecimentos que culminaram na Revolução de Veludo, depois da queda do Muro de Berlim, são recriados através dos personagens da peça de Tom Stoppard, um britânico que nasceu em 1937 na Checoslováquia, e das músicas que os acompanham.

As três personagens centrais são um professor de Cambridge (marxista), um aluno de Praga que ali estuda e a mulher do primeiro. O que vemos é em que medida as transformações políticas vão afectando a vida das personagens e mudando as suas rotina, e como cada personagem se adapta e os seus afectos e relações evoluem.
Beatriz Batarda, que ainda só tinha visto em cinema, é emocionante e comovente. Excelente actriz.
Rui Mendes, óptimo, como sempre.
Recomendo.

1 comentário:

Sandra Coelho disse...

Bem, só pela banda sonora já vale a pena ver!