segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

And the Oscar didn´t go to...


«Haverá Sangue» («There Will Be Blood») conta a história de Daniel Plainview, um explorador de petróleo do começo do século XX,um herói maldito e o centro de gravidade, a força motriz e o buraco negro do filme, uma personagem tão fascinante como repugnante, capaz de afecto genuíno pelo filho ao mesmo tempo que expressa o seu absoluto desprezo pela humanidade: "Odeio a maioria dos homens. Só quero ser rico o suficiente para não ter nada a ver com eles”.

O seu conflito com Eli Sunday, auto-nomeado pregador evangélico personifica o combate entre o “material” e o “espiritual” e o terrível papel do ódio como paradoxal e perturbante força criativa.

Daniel Day-Lewis, numa interpretação genial que, a ele sim, lhe valeu o Oscar, é literalmente invadido fisica e fisionomicamente pela personagem e pela sua obsessão. Daniel Day-Lewis interpreta Plainview como uma força telúrica, vital, mas com um défice fatal de humanidade. Ao som da banda sonora (excelente, aliás) de Jonny Greenwood (guitarrista dos Radiohead), Day-Lewis enche, assombra, monopoliza cada plano do filme. A sua tensão é a nossa tensão, numa osmose permanente de sensações e sentimentos.

«Haverá Sangue» já foi definido como um filme sobre o papel primeiro construtivo, e depois destruidor, das forças do dinheiro e da religião na Califórnia. Mas Paul Thomas Anderson sugere que essas forças já nasceram tortas devido às falhas morais daqueles que as personificam, e que tudo aquilo que originarão - negócios, comunidades, igrejas, uma mentalidade, uma economia - estará manchado desde a primeira hora.

1 comentário:

Sandra Coelho disse...

ou seja, a ver. já andava a pensar nisso....