Não há discurso optimista que apague a triste realidade de um país cada vez mais semelhante, no pior, a uma qualquer "Venezuela".
Conheço gente em Favaios que, à cautela, vai começar a ligar para o número de emergência em Março, a ver se os bombeiros aparecem a tempo dos incêndios, no Verão
A chamada telefónica entre o INEM e os Bombeiros de Favaios, que veio a público esta semana, pode ter um efeito muito positivo no sistema de saúde português. Duvido que aqueles idiotas que se divertem a fazer chamadas falsas para o número de emergência voltem a tentar a gracinha. Aquele telefonema mostrou que há gente que consegue fazer chamadas muito mais engraçadas – e nem sequer estavam a tentar ter piada. Se tiverem vergonha, os adeptos das brincadeiras de mau gosto nunca mais farão um telefonema para o 112. Vamos todos poupar tempo.
Quanto ao telefonema propriamente dito, tenho um reparo a fazer: julgo que é urgente que as urgências passem a ser urgentes. Não sei se faz sentido, mas é uma convicção minha. É certo que o sinistrado, aparentemente, já estava morto, mas se todas as comunicações urgentes forem feitas com a mesma calma, quando a ajuda chegar ao local encontrará sempre o sinistrado morto, nem que seja de velhice. Conheço gente em Favaios que, à cautela, vai começar a ligar para o número de emergência em Março, a ver se os bombeiros aparecem a tempo dos incêndios, no Verão.
Por outro lado, há que reconhecer as dificuldades por que passam aqueles profissionais. Uma pessoa ouve o telefonema e fica sem saber qual das vítimas precisa de ser acudida mais rapidamente. A verdade é que há ali demasiadas vítimas. Só naquela chamada, eu contei três. O morto propriamente dito, a senhora do INEM, e o bombeiro de Favaios. O morto, coitado, é a vítima mais evidente, mas talvez não a maior. A senhora do INEM também sofre, e ninguém pode duvidar de que estamos na presença de uma vítima quando é ela mesma quem repete «Estou lixada», ao longo do telefonema. Quanto ao bombeiro, basta ouvir-lhe a voz para perceber que se trata de um desgraçado. Talvez não haja vítima maior que ele, nesta história. Está sozinho e querem obrigá-lo a ir buscar um morto, a meio da noite, a um sítio chamado Castedo. «Então agora o que é que eu faço?», pergunta o pobre. «Quem é que eu vou chamar agora?» O defunto faleceu e a senhora do INEM, a fazer fé no seu próprio testemunho, lixou-se. São factos. Mas angústia a sério sofreu o bombeiro. Se houvesse bom senso, a senhora do INEM tinha chamado os bombeiros de Alijó para irem salvar o bombeiro de Favaios. Mas o mais provável é que eles também não tivessem meios para isso.
A chamada telefónica entre o INEM e os Bombeiros de Favaios, que veio a público esta semana, pode ter um efeito muito positivo no sistema de saúde português. Duvido que aqueles idiotas que se divertem a fazer chamadas falsas para o número de emergência voltem a tentar a gracinha. Aquele telefonema mostrou que há gente que consegue fazer chamadas muito mais engraçadas – e nem sequer estavam a tentar ter piada. Se tiverem vergonha, os adeptos das brincadeiras de mau gosto nunca mais farão um telefonema para o 112. Vamos todos poupar tempo.
Quanto ao telefonema propriamente dito, tenho um reparo a fazer: julgo que é urgente que as urgências passem a ser urgentes. Não sei se faz sentido, mas é uma convicção minha. É certo que o sinistrado, aparentemente, já estava morto, mas se todas as comunicações urgentes forem feitas com a mesma calma, quando a ajuda chegar ao local encontrará sempre o sinistrado morto, nem que seja de velhice. Conheço gente em Favaios que, à cautela, vai começar a ligar para o número de emergência em Março, a ver se os bombeiros aparecem a tempo dos incêndios, no Verão.
Por outro lado, há que reconhecer as dificuldades por que passam aqueles profissionais. Uma pessoa ouve o telefonema e fica sem saber qual das vítimas precisa de ser acudida mais rapidamente. A verdade é que há ali demasiadas vítimas. Só naquela chamada, eu contei três. O morto propriamente dito, a senhora do INEM, e o bombeiro de Favaios. O morto, coitado, é a vítima mais evidente, mas talvez não a maior. A senhora do INEM também sofre, e ninguém pode duvidar de que estamos na presença de uma vítima quando é ela mesma quem repete «Estou lixada», ao longo do telefonema. Quanto ao bombeiro, basta ouvir-lhe a voz para perceber que se trata de um desgraçado. Talvez não haja vítima maior que ele, nesta história. Está sozinho e querem obrigá-lo a ir buscar um morto, a meio da noite, a um sítio chamado Castedo. «Então agora o que é que eu faço?», pergunta o pobre. «Quem é que eu vou chamar agora?» O defunto faleceu e a senhora do INEM, a fazer fé no seu próprio testemunho, lixou-se. São factos. Mas angústia a sério sofreu o bombeiro. Se houvesse bom senso, a senhora do INEM tinha chamado os bombeiros de Alijó para irem salvar o bombeiro de Favaios. Mas o mais provável é que eles também não tivessem meios para isso.
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