sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Expiação

expiação
do Lat.
expiatione
s. f., acto para aplacar a divindade;
castigo ou sofrimento de pena, imposto ao delinquente, como uma compensação do delito praticado;
penitência;
reparação;
(no pl. ) preces para aplacar a divindade





O título original do filme usa o termo bíblico para mostrar a urgência em reparar os deslizes feitos pelo caminho. E, em última análise, como mostra a cena final, em expiar os pecados cometidos. Caso contrário, eles assombram-nos com suas terríveis consequências. Às vezes, pela vida inteira. Provavelmente, pela eternidade.

O filme tem como pano de fundo a Inglaterra dos anos 1930 para contar a história de uma mulher, Briony, que se penitencia ao longo da vida por um acto que cometeu em criança e que levou à separação de um casal. A verdadeira angústia vem dela, e não daqueles que sofreram pelos seus actos, pois esses tinham no que se apoiar, a ideia de um futuro feliz. Briony permanece no passado e alimenta-se dele, o futuro vem naturalmente, mas ela nunca o vive verdadeiramente, negaram-lhe a paixão.

A narrativa em Expiação prima por uma não-linearidade e pela inclusão de várias perspectivas sobre os mesmos acontecimentos, diversos ‘flashbacks’ com a câmara a transmitir os olhares divergentes das personagens sobre o mesmo acontecimento, o que é fundamental para a evolução da história e das personagens. A banda-sonora (extraordinária) é insinuante e marca presença de uma forma obsessiva, encadeando-se perfeitamente com a acção.

O filme conquista-nos pelo seu tom de tragédia de grande escala, combinado com um romantismo arrebatador e desesperado, com uma alta carga erótica e com o poder redentor da arte.
Faz-se de cores, texturas e sentimentos. Joe Wright, o realizador, orquestra os três elementos como um maestro e faz-nos acreditar que a verdadeira cor da paixão é verde.


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