terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Águas-Belas





Ao longo da história da Humanidade a liberdade de expressão e pensamento têm sido uma das pedras de toque da arte de viver em sociedade, não sendo infrequente que de vez em quando um louco com poder ponha em causa esta essência do ser humano. Como escrevia o poeta Antero, «a liberdade não é tudo, mas é o primeiro passo para se alcançar tudo o que é justo e santo».«Clama ne cesses» é uma expressão latina, que se encontra inscrita no púlpito datado de 1692, da Igreja de estilo românico de Águas Belas, que significa «Fala, não te cales» e que reproduz parte de uma das epístolas de S. Paulo a Timóteo, onde o exortava a expandir a palavra de Deus com inteira liberdade e coragem.



Como refere o amigo e pároco de Águas Belas, dr. Francisco Vaz, professor de Latim aposentado, «a Igreja de Águas Belas, sendo românica deverá datar do século XIII, com marcas deste estilo nomeadamente, as portas redondas e os cachorros dos beirais, sendo certo que foi objecto de posteriores intervenções, nomeadamente no século XVIII, com a introdução das janelas, com data de 1756 inscrita em vários locais e na sacristia existe um lavatório desse ano, nitidamente encastradas na parede. O orago é Santa Maria Madalena». Sobre a porta principal podemos ainda encontrar uma cruz dos Templários, sinal evidente que este lugar interessou em tempos a esta ordem religiosa, extinta como se sabe a uma sexta-feira, dia 13 de Outubro de 1307, por Filipe, o Belo. Ainda hoje referimos ser dia aziago a sexta-feira 13, por referência a tal data. Esta jóia arquitectónica está no entanto votada a algum abandono, devendo merecer da parte das autoridades maior atenção e cuidados, nomeadamente a substituição daquele muro exterior de blocos, por outros materiais que dignifiquem o local.

José Robalo in «Páginas Interiores»






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